31.7.08

A merda do presente

Ela estava na Renner. Aquela da Otávio Rocha, onde a seção de lingeries é embaixo de tudo. Embaixo é junto e em cima é separado. É que em cima as coisas são mais complicadas mesmo. Mas, por quê? Por que é, oras. Assim ela aprendeu.
Ela queria trocar um presente. Era uma calcinha de R$ 5,90. Ela achou uma meia. Soquete. Aquelas que tu veste no pé com um tênis e em seguida tá na ponta dos teus dedos. Não dava.

Por que diabos as pessoas dão coisas que não tem nada a ver com os "presenteados"? Aquela coisa do "pra não ficar chato". Vou lá e compro uma meia de dois pilas pro cidadão. Ele vai usar duas vezes e vai dar pra mãe. A meia, não a bunda.

Por que uma parte de escadas rolante e uma parte só de escadas "de subir"? Além de trocar uma calcinha de algodão discutível, ela teria que trocar as pernas até subir à merda do crediário. A essa altura não era mais crediário, era merda mesmo.

Trocou por um vale. Que trocou por um brinco. De plaquê. Dourado até demais. A pior coisa é trocar um presente de algodão discutível por outro pior. Não se esquece o primeiro ou o segundo, a data ou a porcaria da pessoa que te deu aquela merda.

Tudo vira bosta.

28.7.08

Post de segunda

Segunda brochante. E eu tenho louça pra lavar, pé para fazer e médico para visitar. Duas coisas eu deixo para amanhã, uma precisa ser hoje.

Cadê a revistinha da Coquetel?

Não me culpa pela falta de criatividade. Acordei faz pouquinho, a boca tá seca e as mãos, geladas.

23.7.08

Agora sim. Sobre o Batman.

Falemos sinceramente: eu sei que você já viu "O Silêncio dos Inocentes". Sei que você achava que o Jack Nicholson de "O Iluminado" era o melhor vilão de todos os tempos. Você também achou o psycokiller de "Onde os Fracos não têm Vez" genial, aquele esquema da arma de ar e tudo. Hannibal era o seu senhor vilão. Jack Nicholson era a fronteira. Alex, de "Laranja Mecânica", era o cara mais anarquista que você já viu nas telonas - ok, se você tem menos de 25 anos, telinhas. O Diabo de Constantine foi "bem bolado", com aquela roupa branca e aquela aura de Deus, descendo dos ceús com os pés sujos de "algo-que-lembra-lava".

Esqueça tudo. Batman - The Dark Knight é um pesadelo. Não leve seus sobrinhos ou priminhos para assistir. Eles vão chorar com a mágica do lápis. E, se você ainda contar que o Coringa morreu, eles vão se sentir mais ou menos como eu me senti quanto vi "Polthergeist III" e soube que a Heather O'Rourke morreu (a Caroline, lembrou?). Na verdade, o Batman nem aparece. O Batman sumiu, aperte os cintos. Esse não é um filme de heróis, mas um filme sádico, do anti-herói. É o filme dos queimadores de dinheiro, dos terroristas, da loucura inteligente (existe isso?). Não sente perto das caixas de som, o barulho das bazucas, explosões e a trilha do Coringa de Ledger: uma buzina que começa, baixinha. O Batman é um quase-emo.

O filme é baseado na "A Piada Mortal", lançada em 1988. A piada contada pelo Coringa fala de dois loucos que querem fugir de um hospício. Um deles, foge e oferece ajuda para o outro fazer o mesmo através de um feixe de luz de uma lanterna, por onde ele atravessaria para o prédio ao lado. O louco se recusa, questionando se o amigo não apagará a lanterna no meio do trajeto. Essa piada é uma metáfora que se encaixa perfeitamente para os dois personagens: dois loucos que resolveram utilizar máscaras para evitar encarar a realidade dura de "um dia ruim", mas que, um deles, tenta escapar da insanidade através de seus próprios meios, enquanto o outro se recusa a sair dela.

Com o andar do filme, você acaba percebendo que seria inevitável Ledger não encarnar no Coringa. Ele emprestou ao palhaço mortal uma loucura e uma expressão que Nicholson não conseguiu. Ele empresta tiques, caras, jeitos de mexer a boca. É uma coisa tão maníaca que você ri com as loucuras. Ele, vestido de enfermeira conversando com Harvey "Duas-Caras" Dent - aliás, muito bem interpretado pelo ótimo Aaron Eckhaart - pouco antes de o Hospital de Gotham voar pelos ares, é uma das cenas impagáveis do filme.

Assisti sexta, sessão das 21h30 do GNC Praia de Belas. Fui para a fila com uma hora de antecedência. Tinha mais de 100 pessoas na minha frente. Comprei pipoca, outras guloseimas e sentei, nem tão confortavelmente, em uma das fedidas poltronas da sala 3, o maior cinema do Praia de Belas. Essa seção estava ótima, as pessoas aplaudiram na primeira e na última cena de Ledger, uma forma de homenagear o ator. Ironicamente, Ledger perdeu a vida antes de colocar o quase-certo Oscar que vai receber da Academia debaixo do braço.

Mas aviso: o filme é marcado pelo pesadelo da quase-insanidade. É a cara que Heath Ledger deixou, é a impressão que fica a cada cena do Coringa. Ninguém disse que a piada seria feliz, ou boa. No caso dele, ela realmente foi mortal. Foi o preço que ele pagou por ver como o Coringa via. Para isso os remédios, os calmantes. Ele não agüentou. A Heather O'Rourke também não agüentou. A Caroline escutava o maldito padre quando dormia. A Caroline morreu com a Heather. Um pedacinho do Coringa que a gente gostou também se foi com Ledger.

O Coringa de Ledger vai ficar para a história. Bem que o Jack Nicholson avisou.

Como fazer uma pessoa odiar cinema

Faça assim. Vá no Praia de Belas, num dia quente-mas-com-um-puta-vento. Ah, não esqueça de aparecer por lá numa terça-feira, o dia do descontão. Vá com fome, muita fome. Procure assistir o filme que estreou mundialmente sexta-feira e que bateu recordes em vários países. Chegue tarde, tipo 15 minutos antes do início do filme. Sente atrás de uma turminha de adolescentes de, no máximo, 16 anos. Assista, apavorada, o festival de gritinhos, sacudidelas de Tic-Tac (sim, as balinhas de duas calorias) e pés em cima dos bancos. Assista ao filme na lateral do cinema, bem próxima à parede. Fique surda. Coma pipoca e depois coloque metade fora, por que você comprou aquele pacotão imenso de olho grande.
Fique com os joelhos roxos e doídos por que a pessoa que senta na sua frente tem uma pulga na virilha. Quanto mais ela se debate, mais seu joelho dói. Assista o filme com pessoas idiotas, que não riem das partes engraçadas e que choram com o incompreensível.

E depois, vá embora com a sua mãe, que não pára de falar um monte de coisas, que vocês deveriam ter voltado por outro caminho, que o filme nem era tão bom. Na verdade, você sabe que ela só não entendeu.

15.7.08

Pescoço de fora, doces de corpo e rotinas.

E um microverão, pra deixar os pescoços de fora. Será que dura?

Se levarmos em conta que tudo é efêmero demais, a campanha do "Todo Dia", da Natura, é velha. Mas como sou chegada em velhices e ainda não tinha comentado sobre o texto daquele comercial, chega a hora. Particularmente, tenho que concordar com os caras: algumas rotinas são gostosas demais.
Gosto de chegar em casa, tomar um banho "pelando", colocar aquela camiseta velha toda manchada de tinta de cabelo e deitar nos lençóis limpinhos. Se eu conseguir ler nesse meio tempo, ainda melhor.

Essas férias da ESPM deixam qualquer um nas novens. Primeiro por que a ESPM altera o teu humor. Cidadão mal pronuncia o "E" da maldita e você já se coça. Final de semestre, então. Peraí que acabou de sair uma bolinha no meu braço. Pronto.

Voltamos à Natura. Para começar falando só dos produtos: é só reparar nos nomes dos creminhos, sabonetinhos e frescurinhas. É merengue de morango pra cá, suspiro de limão pra lá, mousse de abacaxi, delícia de cardamomo [tá, inventei essa]. As embalagens já te lembram culinária: garrafas de leite e suco, bisnagas de confeiteiro etc. Li, uma vez, que usar cremes, sabonetes e assemelhados com esse tipo de "apelo" ajuda a controlar a compulsividade por doces. Sei não.

Genial mesmo foi escutar "A rotina do espelho é oposto". Chamei Darci Pacheco pra reerguer meu queixo. Nome da agência: Taterka. Hm.